segunda-feira, 27 de abril de 2009

FELICIDADE

Mozart Lacerda Filho - 26/04/2009

Filosofia e felicidade (JORNAL DA MANHÃ)

Estimado leitor, o que podemos fazer para sermos felizes? Esta é uma das perguntas que, num dado momento, todo homem faz para si mesmo. Respostas há aos milhares. Da religião à ciência, da fé à razão, o homem sempre elaborou sistemas teóricos com a intenção de aplacar suas angústias frente a essa dúvida. A Filosofia também se dispõe a debater a felicidade.

Permita-me apresentar um primeiro problema: a felicidade é algo pessoal, cada um tem sua própria, diferente da de outrem. Portanto, não se pode dar nenhuma definição universal da felicidade. O argumento é nominalista: reconhece-se que existe um nome geral, o termo felicidade, mas se nega a existência de uma realidade única.

Entretanto, há em todas as felicidades possíveis algo em comum; há um conjunto de características comuns a todos os estados de felicidade perseguidos pelos homens, que constitui o que os filósofos chamam de essência da felicidade. Uma boa definição é a que enuncia a essência verdadeira de um ser. Vamos, então, em busca da essência da felicidade.

A felicidade é, sobretudo, o que todos os homens desejam. Cada um de nós procura, ao seu modo, ser feliz. Alguns podem, eventualmente, renunciar à felicidade porque estão decepcionados com a vida, porque nada mais esperam dela ou porque sabem que não podem ter algo que desejam. Isso acontece, por exemplo, se alguém está incuravelmente doente, ou irremediavelmente velho, ou se seu único amor já não está neste mundo. Ainda assim, o desejo de felicidade não desapareceu totalmente, apenas o julgamos irrealizável. Portanto, podemos afirmar que todos os homens desejam experimentar a felicidade. Epicuro, filósofo grego que viveu entre os séculos IV e III a.C., disse: Com a felicidade temos tudo de que precisamos, e se não somos felizes fazemos de tudo para sê-lo.

A felicidade é o fim de todos os atos humanos, sendo esses apenas meios que usamos para alcançá-la. Assim, justifica-se a existência com um único objetivo: ser feliz. Mas aqui encontramos uma contradição: a nossa felicidade, em si mesma, não serve para nada. Resumindo: a felicidade é o fim da nossa existência. Em relação a todas as outras coisas que são apenas meio, ela é um fim absoluto.

Mas, ainda assim, não definimos o que vem a ser a felicidade. Sabemos que é o fim último e universal dos homens, mas isso não basta para defini-la corretamente, portanto ainda não lhe apreendemos a essência.

A felicidade é um estado de satisfação, de contentamento, de alegria. Mas uma alegria bastará para constituir a felicidade? Fica claro, diante do exposto, que não: a felicidade deve ser um contentamento duradouro, um estado permanente e não podemos confundir a felicidade com a simples alegria, que é um sentimento provisório.

Agora, coloca-se a seguinte questão: como atingir uma felicidade assim? Por necessitar de espaço em dobro, no próximo artigo tentaremos responder essa questão.

Bom domingo a todos.

(*) Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e da Facthus
mozart.lacerda@uol.com.br